Segundo Maria Valéria Robles Velasco, coordenadora do Laboratório de Cosmetologia e orientadora da pesquisa, a proposta do estudo foi avaliar a extensão dos danos provocados pelo tratamento com tintura capilar oxidativa conjuntamente com os três produtos mais utilizados nos salões de cabeleireiros e que trazem em sua composição o tioglicolato de amônio, o hidróxido de sódio e o hidróxido de guarnidina.
O estudo foi conduzido pela pesquisadora por ela orientada Simone Aparecida da França e mediu a concentração de perda proteica (queratina) em oito grupos de amostras de cabelos cacheados quimicamente tratados. As mechas foram subdivididas em quatro e, posteriormente, submetidas ao processo de alisamento e aplicação de tintura castanho médio, em forma de emulsão: subgrupo 1- cabelo virgem (sem tintura/com tintura); subgrupo 2 – cabelo com Tioglicolato de Amônio (com e sem tintura); subgrupo 3 – Com Hidroxido de Guarnidina (com e sem tintura); subgrupo 4 – Hidróxido de sódio (com e sem tintura).
De acordo com os resultados da pesquisa, os três tipos de alisamento promoveram perda proteica consideravelmente alta se comparados ao cabelo virgem: cerca de 159% para o tioglicolato de amônio, 187% para o hidróxido de Guarnidina e 276% para o Hidróxido de Sódio. Quando são considerados o uso dos dois produtos concomitantemente, o Hidróxido de Sódio foi o que mais promoveu perda de proteína, cerca de 207%, seguido pelo Hidróxido de Guarnidina, 79%, e Tioglicolato de Amônio, 73%.
O estudo demonstrou que o processo de alisamento seguido de tingimento que mais ofereceu segurança foi o alisante que contém o princípio ativo de Tioglicolato de Amônio. Embora a pesquisa também tenha concluído que tanto a aplicação da tintura quanto dos diferentes tipos de alisantes alteraram as características da fibra capilar. Segundo a pesquisadora, para recuperar a saúde dos cabelos e a reconstrução da estrutura dos fios, é necessário repor a queratina, a principal proteína formadora dos fios. No mercado, existem inúmeros produtos que prometem fazer esta reposição proteica.
Além deste tema, o Laboratório de Cosmetologia da FCF da USP trabalha com outros projetos de pesquisa como a avaliação da ação condicionadora de tinturas capilares, testes de eficácia cosmética de filtros e protetores solares, nanotecnologia aplicada a produtos cosméticos, tinturas, alisantes, dentre outros. A coordenação dos trabalhos é dos pesquisadores Maria Valéria Robles Velasco e André Rolim Baby.